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Belchior – Mapa astral – um poeta em busca dos mistérios do mundo

Belchior
Escrito por Ariel bar'Zlay

Belchior – Conheci Belchior no ano de 2001, na cidade de Campinas, onde na época ele estava montando seu estúdio de gravações.

Nos tornamos amigos e de seu próprio punho recebi seus dados para que fizesse seu mapa astral.

O que nos fez amigos foi certamente a pessoa que ele era e não o mito. Um homem extremamente inteligente, culto e gentil, simples e carinhoso.

Não bebia álcool, não usava drogas, seus únicos vícios até onde sei eram o charuto e o cachimbo, que gostava, pois, o ajudava a pensar, e as pessoas.

Desde o primeiro dia em que o conheci me chamou atenção este fato, desta dependência que ele criava das pessoas.

Seu carro, por exemplo, não era ele quem dirigia, mas sempre alguém por ele.

Era um poeta, que não sabia lidar com os aspectos práticos e maçantes do dia a dia, e que aceitava de bom grado quando alguém se dispunha a fazer isso por ele.

Confesso que isso me assustou por ele, pois se entregava aos cuidados práticos de seu empresário principalmente, de olhos fechados.

Para mim, em particular, isso era um pouco apavorante, já que desconfio sempre até da minha sombra.

Tinha a curiosidade do mundo, das pessoas, dos ambientes, da noite, mas sentia-se bem no seu canto, com seus papéis, suas canetas, seus pincéis e sua reclusão.

Certa vez perguntei a ele por que ele tinha parado de produzir, pois alguém que teve a profundidade de escrever letras como “Paralelas” e “como nossos pais”, em minha humilde opinião, é um poeta de talento inestimável.

Ele não soube o que me responder, parou, me olhou nos olhos e simplesmente não soube o que dizer, mas penso que seu silêncio disse mais.

Belchior – no fundo do coração

Penso, analisando seu mapa, que em algum momento da vida, ele perdeu a paixão, que era o que o movia, ou teve medo de mergulhar no abismo de si mesmo, onde encontrava sua inspiração.

Perdeu-se de si mesmo, e nesta profundidade que havia dentro de si, não havia quem o pudesse resgatar, além dele mesmo.

Penso, que ao deixar de ser o motorista de sua própria vida perdeu-se de si mesmo e também de sua paixão.

Nunca divulguei seus dados de nascimento, antes de sua morte, em respeito à sua privacidade, mas agora, que não se encontra mais entre nós, sinto que é importante.

Antonio Carlos Belchior

26 de outubro de 1946

6:00 AM

Sobral – Ceará

Belchior - mapa astral
Belchior – mapa astral

Como nada é por acaso, nossa empatia instantânea começa pelo stelliun de casa 12 para a 1, que também tenho.

O Sol de Belchior, embora no ascendente, estava na casa 12, e este é o primeiro conflito difícil para os que conviveram com ele entender.

Embora fosse uma pessoa de palco, era ao mesmo tempo uma pessoa reservada, que preferia estar nos bastidores, que se sentia mais confortável observando que em ser observado.

Este dilema o acompanhou por toda a vida, o dilema entre estar no centro das atenções e estar mais reservado.

O grande stelliun pegando praticamente toda a sua casa 1 tornou impossível que ele fosse uma pessoa anônima.

Nasceu para o palco, para a luz, para o estrelato e para o desenvolvimento de um eu (identidade) mais fortalecido.

Belchior – Escorpião de corpo e alma

O grande número de planetas e ascendente no signo de Escorpião mostra uma alma que escolheu esta encarnação para transformar-se, já que Sol, Lua e ascendente estão neste signo, na casa 1, além do regente do ascendente – Marte – também em Escorpião e na casa 1.

Embora mudar, transformar, fosse a sua principal tônica, isto não era fácil para ele, já que tinha muito mais fixo no mapa.

Mas transformou, certamente, muitas coisas e pessoas ao seu redor.

A lua no signo de Escorpião no ascendente é a principal causa de sua dependência emocional de outras pessoas.

Buscava proteção materna em todos que conviviam com ele, e, embora nunca tenhamos conversado a respeito, muito provavelmente houve uma superproteção materna em seus anos de juventude.

Belchior – A busca por um mundo ideal

O planeta Júpiter em seu ascendente fazia dele uma pessoa com uma visão otimista demais da vida, mas que ao mesmo tempo tinha expectativas muito elevadas e irreais sobre si mesmo e sobre o mundo.

Este idealismo era o grande responsável também para que diante da impossibilidade de viver segundo os sonhos que tinha ele se deprimisse, mas esta insatisfação só era mostrada aos que conviviam com ele intimamente.

Eu não estou interessado
Em nenhuma teoria
Nem nessas coisas do oriente
Romances astrais
A minha alucinação
É suportar o dia-a-dia
E meu delírio
É a experiência
Com coisas reais”

Alucinação – Belchior

Este trecho de sua música Alucinação reflete muito bem o regente de sua casa 8 (mercúrio) na 1, e revela também seu lado autodestrutivo, que fez parte de sua tragédia pessoal.

Sobreviver, para ele, sempre foi um peso, já que envolvia aspetos práticos e mundanos que não o agradavam em absoluto.

Belchior – ultraromantico

Neste ponto posso afirmar que ele era um poeta do ultrarromantismo vivendo em nossos tempos.

Sua profundidade, a profundidade de seus sentimentos era tal que ele temia perder-se de si mesmo ao se entregar aos seus sentimentos, negando-os e a si mesmo, ao viver relacionamentos superficiais.

Aí um analista amigo meu disse que desse jeito
Não vou viver satisfeito
Porque o amor é uma coisa mais profunda que um transa sensual”

Divina comédia humana – Belchior

O autocontrole extremo do escorpião só se dissolvia nos relacionamentos sexuais, onde por breves momentos deixava o controle de lado.

O medo da própria intensidade mais o fato deste stelliun envolvendo a casa 1 mostrar uma necessidade de desenvolver uma identidade e autoconfiança contribuíram para que ganhasse a fama de Don Juan.

Embora não fosse um homem de beleza clássica acabou por se tornar um símbolo sexual em sua geração, atraindo a atenção do público feminino (vênus na casa 1). Mais feliz teria sido se tivesse entregado esta intensidade a um grande amor, indubitavelmente.

O dilema do dinheiro

“Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do Norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
E pela dor eu descobri o poder da alegria
E a certeza de que tenho coisas novas
Coisas novas pra dizer”

Fotografia 3×4 – Belchior

Os maiores desafios do seu lado mais íntimo e escondido estão profundamente relacionados com o grau de segurança que sentia, as questões financeiras pareciam certamente uma praga. 

Ao mesmo tempo que precisava de segurança financeira, tinha uma relação bastante complicada com o dinheiro.

Adotava uma atitude negativa ou destrutiva com bens materiais: hora desejando, pois o dinheiro lhe proporcionava liberdade, hora recusando as posses materiais.

Este dilema, mostrado tanto por lilith na casa 2 como pela cauda do dragão aí posicionados, mostram a inaptidão que Belchior tinha em lidar com o sistema de valores em sua vida.

Quando resolveu abandonar sua família e seguir seu novo amor, Edna, desaparecendo da vista de todos, abriu mão de tudo o que tinha.

Em partes isso foi uma atitude autodestrutiva, pois sem terra sob seus pés sentiu-se certamente vulnerável, infeliz e com medo do futuro.

Fazendo do verbo poesia – Mercúrio e Vênus

Cartão escrito por Belchior, seus dados de nascimento.

Mercúrio em escorpião conjunto com vênus é o aspecto que confere a veia poética a Belchior e inclusive o amor dele pela caligrafia (era calígrafo) e pelas artes de maneira geral.


Via o mundo e as pessoas de uma maneira muito particular e traduzia em poesia o que via, sentia e vivia.


Com Mercúrio retrógrado em escorpião, via muito além da aparência, e por vezes tinha o dom de ler os pensamentos, respondendo antes de ter ouvido a pergunta.


Um leitor apto da alma humana, com o dom de traduzir em poesia e música o que capta do outro e dos relacionamentos.


Esta foi apenas uma breve análise do mapa de Belchior, que poderia se estender muito mais, mas deixo aqui esta breve análise, principalmente para que entendam um pouco mais da alma de nosso poeta querido, que influenciou e embalou gerações e que trouxe tantos questionamentos a todos.


Aos que o amaram e que o viram como uma pessoa egoísta, que saibam apenas que ele era um caçador de si mesmo, buscando encontrar a própria identidade, mesmo machucando muitos no caminho.


Que tenhamos dele a lembrança do que disse através de sua arte, e que nos lembremos dele como a pessoa carinhosa e doce que foi.
Foto de capa: google images

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Sobre o autor

Ariel bar'Zlay

Cristinna Saviani (Ariel bar'Zlay) tem sua formação clássica em Farmácia e Bioquímica pela PUCC, com foco em Homeopatia, Fitoterapia e Florais.
Estudante e praticante de Cabala desde a adolescência, iniciou seus estudos de astrologia como autodidata em 1997, posteriormente fazendo vários cursos de formação na área, na qual tem atuado profissionalmente desde o ano de 1999.
Acreditando que a maior qualidade da astrologia é levar o indivíduo ao autoconhecimento e consequente evolução, aprofunda a análise de seus clientes em todos os níveis disponíveis para que se chegue ao cerne das questões que inquietam e atrapalham a vida nos diversos campos da vida.
Natural de Campinas - SP, vive atualmente em Fortaleza, onde atua
na área de publicidade (CEO Staff Publicity), programação web, marketing e astrologia, fazendo análises de tema natal, previsão e mapa anual de fertilidade feminina.

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